SONHO COLORIDO E MUSICAL DO ZÉ DA MINA
Queria que o que pensasse se realizasse,
Se assim fosse mais feliz seria.
Queria porque queria se expor, se desse...
Queria entrar na sala e, ao ouvir ao fundo aqueles violinos,
Queria poder dizer: Beethoven... Romanzas #1 Opus 40...
Queria poder dizer: Bach... Concerto para Violino in E, BWV 1042 – Allegro.
Essa é a 41 de Mozart – Júpiter – Segundo movimento.
Ou queria poder, assim, quase que se desfazendo de um ser superior afirmar: Esse Vivaldi... Embora tenha que admitir que esse Mandolin seja realmente intrigante... Assim ele queria que fosse se pudesse.
E se esforçava... Esmerava-se de fato e gastava muito tempo tentando decorar sinfonias e concertos e buscava conseguir distinguir um Bach de um Mozart, um Vivaldi de um Schubert. Não era apenas sonho e desejo... Ele realmente trabalhava para tanto... Colocava muito esforço pessoal nisso.
E era exigente... Queria reconhecer rapidamente ao passar por qualquer lugar, já queria poder saber o autor e a peça, mesmo no meio de uma sinfonia quase infinita. Queria velocidade, reconhecimento, exatidão no apontamento. Não poderia errar. Tinha que ser preciso. Técnico. Perfeito.
As razões para querer que isso assim fosse eram obvias. Queria o reconhecimento dos outros, a satisfação própria de ser sabedor do que os grandes mestres compuseram no intricado mundo dos clássicos. Tinha uma platéia definida. Senhoras de mais que certa idade irrevelável... E também usaria esse atalho para desviar a conversa recorrente sobre os planos e trabalhos pendentes do escritório de arquitetura. Ele freqüentava salas de concerto toda semana, varias vezes por semana se possível para afinar os ouvidos para o reconhecimento ficar mais treinado...
Esse era seu sonho colorido e musical.
Não deixava ninguém saber que seus ouvidos só eram pródigos para distinguir explosões de dinamites em minas de carvão.
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