ALTER EGO
que vivemos polindo as grades em vez de libertar-nos.
Clarice Lispector
Há pelo menos um preso na penitenciária
que me representa definitivamente.
Mesmos olhos. Mesma altura.
Mesma impressão digital. Mesma cara.
Há pelo menos um embaixador de mim
naquele Presídio Federal.
Boca seca, amordaçada.
Dois terços livres não dizem nada.
É o mesmo braço caído atrás das grades.
O mesmo rosto preso aos ferros.
O resto está fora por acaso.
Sou eu lá dentro. Estraçalhado.
Mesmos olhos, mesma altura,
impressão digital e idêntica cara
reluzem lá dentro e cá fora.
Sou eu. Preso às celas
da histórica Penitenciária.
Silêncio por dentro e por fora.
Estou livre por acaso.
Há pelo menos um homem livre aqui fora
que me representa de forma compulsória.
Sou preso e dois terços me provam isso.
Na postura da janela só as grades dividem
meus membros já separados.
Rosto preso às grades
no sol da manhã rareado.
Braço caído nos vãos proporcionados.
Resto todo preso, consolado.
Como a parte fora, acomodada.
Estou livre por acaso.
que me representa definitivamente.
Mesmos olhos. Mesma altura.
Mesma impressão digital. Mesma cara.
Há pelo menos um embaixador de mim
naquele Presídio Federal.
Boca seca, amordaçada.
Dois terços livres não dizem nada.
É o mesmo braço caído atrás das grades.
O mesmo rosto preso aos ferros.
O resto está fora por acaso.
Sou eu lá dentro. Estraçalhado.
Mesmos olhos, mesma altura,
impressão digital e idêntica cara
reluzem lá dentro e cá fora.
Sou eu. Preso às celas
da histórica Penitenciária.
Silêncio por dentro e por fora.
Estou livre por acaso.
Há pelo menos um homem livre aqui fora
que me representa de forma compulsória.
Sou preso e dois terços me provam isso.
Na postura da janela só as grades dividem
meus membros já separados.
Rosto preso às grades
no sol da manhã rareado.
Braço caído nos vãos proporcionados.
Resto todo preso, consolado.
Como a parte fora, acomodada.
Estou livre por acaso.
3 Comentários:
Nossa jaula somos nós mesmos,
que vivemos polindo as grades
em vez de libertar-nos.
Clarice Lispector
Parecemos tão livres - e estamos tão encadeados...
( Robert Browning)
E por falar nisso...
Cadê a chave do portão
Do cárcere, do coração ?
Se encontrar me avise...levarei o que precisar,
Farei duas viagens , se preciso for...
A liberdade tem o seu preço. Temos que pagá-lo e acreditar que valeu a pena.
O pensamento é livre e você o expressa tão bem !
Parabéns !
Um beijo
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