CARTA À MINHA FILHA

Querida filha,

Temos buscado aproximar seus 11 anos dos meus 62 anos agora que nos foi dado convivermos juntos e aprendermos um com o outro o que é ser pai e filha. A mim parece que bons esforços têm sido feitos de ambos os lados.
Nesses momentos preciosos que vamos ficar juntos nas suas férias seria muito interessante você saber o que pode e deve esperar de seu pai, o que ele pode lhe oferecer e o que ele quer lhe oferecer e o que seu pai espera de você como filha. Acho que essa compreensão entre nós facilitará muito nossa convivência fraternal.
Sei que nesses dias de hoje toda tribo precisa ver cada um de seus membros usando alguma grife que faz sentido ao grupo. Acho certo que você queira se vestir e usar produtos para sua aceitação pelos amigos que você escolheu. Também gostaria muito que você tivesse várias grifes, mas pode ser que não estejamos escolhendo as mesmas marcas.
Mas o que você pode esperar de seu pai não são coisas físicas minha querida, mas são outras coisas como amor em primeiro lugar, cultura, lazer, educação e orientação para a vida.
Como amor posso lhe dar tudo que tenho, recebi e dôo sem preço ou restrição. Como cultura e lazer posso lhe oferecer livros, teatro, cinema e música de qualidade. Na educação posso lhe oferecer escolas de qualidade e cursos necessários. Como orientação para a vida posso dizer que sinto que levei uma vida aceitável, correta e honesta até meus 62 anos. O que eu puder lhe oferecer do que aprendi, com todo prazer será todo seu.
Se for assim, querida, suas grifes podem ser Jesus, Jobim, Brecht, Shakespeare, Almodóvar, Chaplin, etc.... Talvez não sejam as grifes que você espera. Mas são as que eu acho que você deveria usar. As melhores grifes são aquelas que você puder guardar na sua cabeça. Espero que você goste.

Deus a abençoe!

Seu pai, em 13 de julho de 2.009