quarta-feira, 15 de abril de 2009

O MENINO QUE OBSERVAVA

Foto: Brinquedos de meninos que viraram homens - Helton Braz Mussi 19/3/2.008


Primeiro foram os caminhões de bombeiros, de polícia e os ônibus. Depois vieram os trenzinhos. E os aviões foram descobertos mais tarde e acabaram ficando como se fossem nascidos consigo. Passaram-se tudo por suas especulações. Ser bombeiro, motorista de ônibus ou maquinista de trem. Ser polícia nunca o entusiasmou. Piloto foi uma coisa forte que ficou por muito tempo na sua cabeça. Misturava-se com a vontade de ter um monte de ônibus, uma garagem onde pudesse guardá-los todos enfileiradinhos como constataria mais tarde ser na realidade a forma de estacioná-los. Sempre sonhava com essas incursões pela estética das frotas. Passou-se também isso com relação aos caminhões carreta. Queria colocá-las todas bem alinhadas, certinhas, ao lado de uma doca de onde as mercadorias seriam carregadas para a saída da carga de manhã bem cedo. Lá onde morava, sem recursos, não sobrava muitas alternativas de sonhos. Lá se sonha o que se vê. O que se imagina. O que lhe contam. Havia um americano que o introduziu no mundo dos jipes. Contou-lhe histórias da guerra da Coréia e como os comboios se transportavam de um lugar para o outro com os jipes. Muitas vezes eles entravam até nos barcos. Mas barcos nunca o entusiasmaram. Os jipes sonhava todos enfileiradinhos, prontos para sair para a batalha bem cedo. Cada motorista em seu posto bem uniformizado e alimentado para o dia todo. Nunca havia assistido ainda a um filme sobre o desempenho dos jipes na guerra. Mas os imaginava com base no batalhão de sua cidade quando todos eram verdes e todos muito bem equipados com pás, machados e martelos. Reproduzia o que via, o que lhe contavam e o que aprendeu a imaginar. Foi aí que nasceu sua criatividade. Todas essas peças eram brinquedos. Imitavam a realidade. Não serviam para representar a realidade. Eram brinquedos. Eram ganhos, poucos comprados, quase todos pequenos e nem sempre muito iguais ao que se via na rua. Quando eram americanos eram superestimados. Se fossem japoneses eram de baixa qualidade e se fossem chineses pior ainda. Mas era o que ele tinha e o que se podia ter naquela época ali no centro do Brasil.

2 Comentários:

Às 21 de abril de 2009 às 22:58 , Blogger Clara disse...

Olá...estou visitando o seu blog.
Gostei muito

 
Às 22 de abril de 2009 às 09:23 , Anonymous Alfredo disse...

Obrigado pela sua visita Clara. Você é uma escritora respeitável que enobrece esse blog. Venha sempre...

 

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