segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PAVANE




Pavana (Dicionário Aurélio)
[Do it. pavana, poss. pelo esp. pavana.]
Substantivo feminino.
1.No começo do séc. XVI, dança de corte, provavelmente de origem italiana, em
compasso binário ou quaternário, andamento lento e majestoso:
2.Depois de 1600, peça instrumental, com as características dessa dança, e ger.
seguida pela galharda.
Tocar a pavana. 1. Espancar, zurzir.


Você precisou chegar para eu entender o que é saudade...
Não a saudade comum, que não arde, que não frita os miolos, que não emagrece...
Não a saudade que todos têm, que cantam nas músicas, que falam nas ruas, que recitam em poemas....
As saudades simples e plurais não são iguais à saudade que você me ensinou agora
É uma outra saudade. Latente, impertinente, efervescente...
Muito diferente daquela saudade que dizemos que só existe na língua portuguesa e tentamos explicar para estrangeiros
Essa saudade que não se explica e não se entende se não se tratar de gente da terra
Essa saudade ninguém entende, ninguém saboreia, não está dando sopa
Não bate em peito de alienígena, não está à disposição do mundo
É reserva do dono da terra.
Para entendê-la precisa ouvir Jobim, conhecer Drummond e ser fã de Paulo Autran.
Não é biscoito de supermercado, não é jornal de banca de rua, bilhete de loteria...
A saudade que você me ensinou é forte, tem bala, é de matar...
Não é coisa de principiante, muito menos de amador, estagiário ou primitivo
Sua saudade é para profissional, para seniores muito escolados
Os que não visitaram o inferno, os que não apagaram a luz do céu, os que chegaram tarde à festa
Esses não se atrevam, não vão aprender a saudade que você me trouxe
Saudade assim, minha filha, só bate no peito uma vez, chega, senta e pede café, bolo, banana, chá de hortelã
Saudade assim assina a nota, não paga a conta, não vai embora

Nunca mais...

Saudade assim só dá em pai... É uma Pavane perfeita.

Jaraguá do Sul, 30 de Setembro de 2.009


Ouçam as Pavanes abaixo:

A de Maurice Ravel (1.875/1.937), Pavane pour une infante défunte, mais conhecida, é com Seiji Osawa conduzindo a Boston Symphony Orchestra.
A de Gabriel Fauré (1.845/1.924) é com Harpa e Flauta - Duo Harpeggione.
O Canto Gregoriano, musica produzida pelo Fr. G.M. Sveboda é com o Winnipeg Diocesan Choir & Choir 2000.