sexta-feira, 19 de setembro de 2008

PASÁRGADA LISBOETA


Vou mudar-me pra Lisboa.
Amigos não tenho nenhum...
Terei tantos e sinceros...
Deixarei você com inveja
Sendo amigo do rei.
Você é a mulher que eu quero.
A cama eu escolherei.
Vou mudar-me pra Lisboa
Onde a aventura existente
Não está no samba, mas no fado
O qual eu acolherei.

Sua terra não tem vida,
Alegria, coração.
Tem tristeza, gente boa,
A vontade, a intenção.
O que resta nós trazemos
Pra Lisboa em nossa mão.
O canário, nossa cama,
Os endereços, o Salomão
E suas aulas que nos deixam
Satisfeitos, de pé no chão.
Vou-me embora pra Lisboa,
E vai ser neste verão.
Voltaremos todo ano,
Ao repetir essa estação,
A ver a praia, o samba,
A glória de viver nesta inflação.
Por agora vou-me embora
E sou todo emoção.
Vai dar certo - não se assuste
Acredite em mim, pois então,
Em Lisboa tem palmeira
Onde canta o sabiá.
As aves que aqui gorjeiam
Imitam o canto de lá.
Vamos logo pra Lisboa,
Onde a glória do tempo está.

Joana, a louca de Espanha,
Vai ser madrinha e parente
Da filha que eu lhe farei.
No tempo daqui eu a vejo,
Na adega do Ribatejo
Na ceia da Cave Adão.
Nas ruas do Bairro Alto,
Rossio, Cascais, Sesimbra,
Na vila de Nazaré.
Você será a mais bela loira
Que já se me fez mulher.
Venha! E traz o teu filho
Que para mim não é empecilho,
É vida nova em que se põe fé.
Mulher! Se você se estima,
A vida toma de assalto!
Aceita essa prece de vida
De alguém que reza de pé!

Vou-me embora pra Lisboa!
Vou morar sob os telhados
Baixos e amarelos de Alfama.
Encostar-me nos ladrilhos
Velhos e acabados do Chiado.
Aqui, a aventura é inconseqüente
E a vida é tão demente
Que não se sabe o que se ama:
O corpo doce dessa hispana,
O comportado da germana
Ou o sotaque dessa gente
- Vida livre que se irmana
Nessa terra diferente.
Portugal! Lisboa insana,
Amiga e bela, febril, nascente!

Terei a alegria que espero
Na terra que amarei
A terra é a Lisboa antiga
A casa eu ofertarei.
A alegria que você traz no peito
Sua voz de canário, seu jeito
Sua graça brasileira
Eu agradecerei.
Esse é todo enxoval urbano
Que em Portugal lhe exigirei.
Vou-me embora pra Lisboa
de Sintra, Trindade e Lei.

Seus bicos de seio,
Suas ancas
Seus lábios eu amarei.
Vou-me embora pra Lisboa
Lá, sem amigos, sem rei,
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei.
Vou-me embora pra Lisboa,
Amanhã definirei.

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3 Comentários:

Às 23 de setembro de 2008 às 10:00 , Blogger Tita disse...

Burghi,
Do que vc se liberta? Do que?

 
Às 26 de setembro de 2008 às 21:58 , Blogger Alfredo disse...

Oi Tita. Adorei seu comentário. Indamais quando vc está aqui pertinho de mim...

 
Às 15 de outubro de 2008 às 01:12 , Anonymous Anônimo disse...

F.
Ficar pertinho de você é um poema. Dos mais bem escritos.
T.

 

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